O PORTUGUÊS EM (DE) MOÇAMBIQUE: ÁREAS DE RUPTURA
Por José Simão
O professor universitário Francisco Watche lançou, na última sexta-feira, na cidade de Nampula, a sua mais recente obra literária intitulada o português em (de) Moçambique: áreas de ruptura.
O tema da obra teve como ponto de partida, a observação das particularidades do português em Moçambique, como espaço geográfico, e de Moçambique, como a essência de como os moçambicanos usam a língua portuguesa em detrimento dos padrões de Portugal de quem herdamos o idioma.
“O português em Moçambique tem uma forma particular que o faz que seja nosso, porque já foi nativisado… já existem pessoas que falam a língua portuguesa como a língua primeira, nesse sentido, é português de Moçambique … os aspectos analisados nesta obra mostram de que a língua portuguesa está tomar um novo rumo em Moçambique” Disse o autor.
A isto chamou áreas de ruptura ou desvios linguísticos, que não são necessariamente erros mas valores que vão sendo acrescidos à língua enquanto falada por moçambicanos com as suas respectivas peculiaridades geográficas e socioculturais.
Questionado se poderá isto concorrer para uma independência gramatical do português num contexto moçambicano, a exemplo do Brasil, Watche disse o que passamos a citar-
“A luta dos linguistas em Moçambique é justamente essa, encontrar áreas consistentes que façam com que a língua portuguesa seja moçambicana…nós os moçambicanos dissemos assistimos uma novela, porém o português Europeu diria assistimos a uma novela, mas é difícil o moçambicano dizer isso, principalmente numa linguagem coloquial”.